quinta-feira, 14 de julho de 2011

Intervenção com pinturas de Ueliton Santana/Rio Branco Acre

O trabalho com os signos figurativos nasce do comum, como a maioria das coisas, em toda a trajetória de vida das pessoas, se absorve muitos conhecimentos nas mais diversas áreas. Neste trabalho todas essas marcas deixadas em “mim” são aos poucos “condensadas” em pinturas com símbolos incrustados. Na verdade transformados em signos, logomarcas, pois apenas a sugestão das imagens figurativas já se deixa identificar inclusive por pessoas leigas no campo da arte, mas experientes em vivências. Dessa forma as pinturas são concebidas, em telas geralmente grandes, esticadas em bastidores, e depois retiradas dos seus devidos bastidores, como se arrancasse a pele de uma serpente, e a partir daí começa o trabalho com as intervenções, pois esses signos pintados nas telas e colhidos inconscientemente em alguns casos, agora são devolvidos nos mais diversos lugares, neste caso em lugares em que o artista viveu, ou passou de alguma forma a infância, sua cidade natal alguns sítios e chácaras, espaços percorridos diariamente... Em fim como uma relação de troca, como se o artista devolvesse um pouco do que colheu em cada lugar e ao mesmo tempo já deixando um pouco de si...
Este trabalho dialoga sempre com a questão da identidade de cada um, os lugares por onde passamos os conhecimentos que adquirimos, e o que deixamos de nós, os nossos rastros. Ou se passamos em branco, sem ver ou ser visto. É um trabalho regional pois leva a pintura para o meio da floresta, quando sabemos que a arte é, em seu sentido literal, geralmente uma manifestação urbana, como os símbolos de animais, kenês indígenas e outros signos, mas ao mesmo tempo universal pois também leva estas mesmas pinturas ao ambiente urbano parodiando como se elas fossem na verdade Grafites pintados nos muros de uma metrópole, e esses signos podem ser identificados por qualquer um em qualquer lugar. Ao mesmo tempo é contemporâneo pois as pinturas são geralmente grampeadas ou pregadas nos ambientes como se fosse uma plotagem moderna, impressa em adesivo por uma máquina de última geração. Neste sentido o trabalho propõe ao expectador um diálogo de identidade e de questionamentos entre o ontem o hoje e o amanhã, entre nossas origens, nossa vivência hoje e o nosso amanhã. Ao mesmo tempo nos remete aos nossos antepassados e nossa origem distante pois a técnica utilizada para intervir é a pintura sobre tela feita a mão, contundindo e unindo o passado e o futuro.


Ueliton Santana/Artista Visual

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